Marcos Vinícius Araújo explica como melhorar as cidades por meio da cultura

Produtor cultural aponta três iniciativas capazes de valorizar tradições e manifestações artísticas nos ambientes urbanos

Criar cidades que valorizem a cultura dos povos originários e migrantes é um dos grandes desafios das sociedades contemporâneas. A Unesco, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para educação, ciência e cultura, defende que os meios urbanos abram espaço para as diversas manifestações artísticas que predominam em suas regiões, o que inclui a adoção de políticas culturais, a realização de eventos e a tomada de iniciativas que revitalizem os municípios, fortalecendo a história local.

Contudo, muitas vezes, projetos culturais não são tratados com prioridade pelas autoridades públicas municipais. Além disso, em outros casos, tampouco se faz uma relação entre desenvolvimento urbano e valorização cultural.

Marcos Vinícius Araújo - créditos: Acervo pessoal
Marcos Vinícius Araújo – créditos: Acervo pessoal

“Cidades mais prósperas e com melhor qualidade de vida são aquelas em que a cultura local salta aos olhos”, afirma o produto cultural Marcos Vinícius Araújo.

O especialista também diz que, “sem transpirar cultura, a cidade não tem alma”, de modo que a vida se torna mais carregada e isolada.

“As manifestações culturais aproximam as pessoas, o que contribui para se ter uma sociedade mais fraterna e menos desigual”, ressalta.

Confira, a seguir, três dicas de Araújo para melhoras as cidades por meio de iniciativas culturais.

Celebração das imigrações

Os recém-chegados às grandes cidades vivem nos mesmos distritos que os migrantes de ondas e gerações anteriores. Com isso, amplia-se, naturalmente, as características sociais do território, o que pode gerar conflitos e animosidade por parte de quem defende a preservação da “cultura oficial” do local. Para que os novos migrantes não sejam empurrados aos guetos, é preciso que o poder público e a iniciativa privada reconheçam a sua existência, investindo em equipamentos públicos que realcem a cultura dos novos moradores. Ou seja, uma sinalização de que os costumes dos recém-chegados também são bem-vindos.

Símbolos

Espalhar símbolos pelas cidades é uma política muito eficiente de usar a cultura e a história para valorizar os espaços urbanos. Alguns dos locais em que isso pode ser feito são pontos de referência danificados em conflitos e praças degradadas. A inauguração de museus dedicados a períodos marcantes, povos e culturas também contribui para disseminar o conhecimento e despertar a curiosidade sobre movimentos artísticos ou comunidades importantes para a história local.

Revitalização de espaços públicos

Quase todas as grandes cidades do mundo têm áreas degradadas ou ignoradas pelo poder público. Revitalizar esses espaços é fundamental para uma vida mais harmônica, e a cultura pode ajudar. Em 2007, por exemplo, o governo colombiano decidiu dar vida ao bairro Santo Domingo Savio, em Medellín. O distrito ganhou um teleférico e uma biblioteca, iniciativas que fizeram a atratividade da região crescer exponencialmente, além de reduzir a criminalidade. No Chile, uma prisão em Valparaíso foi transformada em um parque cultural. Assim, o espaço passou a receber eventos de dança, música, circo, teatros e feiras de todos os tipos. Exemplos como esses podem ser postos em prática em todos os lugares do mundo, inclusive nas capitais brasileiras.